História da Capoeira







A história da Capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colónia de Portugal, sendo a mão-de-obra escrava africana muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos de cana-de-açúcar.
Em 1559 D. João III legalizou a importação de escravos para o Brasil, tendo os navios desembarcados nos portos do: Recife, Rio de Janeiro e Bahia, escravos vindos de Angola, Guiné, Moçambique e Luanda.
A Capoeira surgiu pela necessidade de uma resposta aos maus-tratos que os negros escravos sofriam, antes do surgimento de palmares, que contribuiu muito para o desenvolvimento deste povo e a conquista de seus objectivos.
Juntando movimentos, "golpes" de alguns animais, os negros desenvolveram uma espécie de luta. Haja vista, os mesmos não terem nenhuma condição de contar com o uso de arma de fogo para se defender.
Com a técnica da Capoeira já desenvolvida, que na época se limitava a alguns golpes, os negros passaram a se reunir e planejar momentos de fuga.
Nas senzalas os negros camuflavam a Capoeira e quando os senhores de engenho ou capitão do mato se aproximavam fingiam estar festejando em uma roda formada por eles onde cantavam e faziam acrobacias.
A notícia mais antiga que se tem da Capoeira na cidade de Sorocaba é a edição do Código de Posturas da Câmara Municipal, datado de 1850, e que trata, em seu artigo 151, da proibição dessa luta.
O enunciado do artigo é o seguinte:
“Toda a pessoa que nas praças, ruas, casas públicas, ou em qualquer outro lugar tão bem público praticar ou exercer o jogo denominado de Capoeiras ou qualquer outro género de luta, sendo livre será preso por dois dias, e pagará dois mil reis de multa, e sendo cativa será preso, e entregue a seu senhor para o fazer castigar naquela com vinte cinco açoites e quando não faça sofrerá o escravo a mesma pena de dois dias de prisão e dois mil réis de multa”.
As leis municipais de Sorocaba repressivas à prática da Capoeira continuaram sendo editadas nas Posturas Municipais durante as décadas subsequentes.
Em 1865 o tópico referente à proibição da Capoeira figurou no artigo 127:
“Toda e qualquer pessoa que em praças, ruas, ou outro qualquer lugar exercer o jogo denominado Capoeiras, ou qualquer outra luta, será multado em 4$ e dois dias de prisão”.
A Capoeira talvez seja a expressão do que há de mais brasileiro em termos de actividade física, já que se trata de uma luta criada no Brasil por escravos de origem africana. Isso é tão significativo que hoje é considerada a arte marcial brasileira.
Por ser praticada em grupo e acompanhada de música constante que impõe ritmo aos movimentos, muitas pessoas a confundem com um jogo ou algum tipo de dança, mas como disse Mestre Pastinha: “Capoeira é, antes de tudo, uma luta.
O termo Capoeira significa “o mato que nasce depois do desmatamento”, provavelmente porque era praticada entre esses matos, com os lutadores próximos ao chão, para não serem descobertos pelos seus senhores.
Como já foi dito, nessa época a Capoeira era uma prática proibida, pois com os escravos treinando sua forma de defesa pessoal, poderiam trazer problemas para aqueles que se consideravam seus “donos”. No entanto, ainda que proibida, a Capoeira nunca deixou de ser praticada e ensinada.
Em sua forma original, como já mencionado, a Capoeira era uma luta lenta jogada muito próxima ao chão, muito diferente daquela Capoeira que é ensinada em academias ou jogada nas praias e ruas do mundo: a Capoeira Regional.
Foi em meados do século XX que houve essa “ruptura”, resultando na prática da Capoeira Angola, mantendo suas regras e tradições iniciais, e que é praticamente restritas aos guetos baianos.
A Capoeira Regional apresenta movimentos mais acrobáticos, é jogada em pé e tem regras específicas, elemento característico de um desporto.
Outra diferença importante entre esses dois tipos de Capoeira é o modo como um membro se torna mestre: na Capoeira Regional, conforme os praticantes vão desenvolvendo melhor suas habilidades, aprendendo golpes diferentes e pensando sobre esses golpes, eles vão sendo graduados por meio de um cordão, em que cada cor representa um estágio em que o praticante está classificado, assim ele vai adquirindo novos cordões até se tornar um mestre.
Na Capoeira Angola o processo é bastante diferente: após muitos anos de prática e de dedicação ao mestre e à Capoeira, o praticante recebe do mestre um lenço, que representa que esse discípulo está pronto para ser mestre.
Assim, na Capoeira Angola, a formação do mestre depende exclusivamente da vontade do mestre que ensina.
Outra característica importante da Capoeira é a música. A música é sempre tocada por membros da roda que se revezam, e é acompanhada de uma regra fundamental: os membros da roda sempre precisam responder ao canto, também chamado de ladainha. As ladainhas são acompanhadas pelo toque de alguns instrumentos: pandeiro, atabaque, caxixi, agogô e reco-reco.
Talvez, o mais interessante das ladainhas seja as suas letras que remetem ao quotidiano dos escravos, ao momento da roda de Capoeira, aos deuses do candomblé (religião de origem africana), ao catolicismo e à relação entre homem e mulher.
Seguem alguns exemplos:
• “Eu vou dizer ao meu senhor que a manteiga derramou/A manteiga não é minha/A manteiga é de ioiô” (ladainha de quotidiano, lembrando dos escravos que trabalhavam na cozinha);
• “Oi sim sim sim/ Oi não não não” (ladainha de roda, cantada para quando a luta está empatada);
•“Salomé, Salomé/ Eu já vi homem barbado apanhar de mulher” (ladainha de roda, cantada para quando há algum homem apanhando de uma mulher);
• “Sai sai Catarina/ Saia do mar venha ver Idalina” (ladainha religiosa em homenagem a Iemanjá);
Percebe-se, então, que a Capoeira é muito mais do que uma simples actividade física: ela é um elemento definidor de identidade brasileira. Ela agrega religiosidade, movimento corporal, música e história, tudo isso em uma única prática.
Curiosidades:
O navegador Português Martim Afonso de Sousa, observou tribos jogando Capoeira. Como se não bastasse, a palavra "Capoeira" ( Caá-Puêra ) é um vocábulo Tupi-guarani (língua mãe de algumas tribos brasileiras) , que significa "mato ralo" ou "mato que foi cortado".
No livro "A Arte da Gramática de língua mais usada na Costa do Brasil" do Padre José de Anchieta, editado em 1595, há uma citação de que "os índios Tupi-Guarani, divertiam-se jogando Capoeira".
Axé Capoeira...
Taxxi
Ogum Iê